sábado, 15 de janeiro de 2011

Maior tragédia natural do Brasil

Júlio César Teixeira
UFJF
Verão de 2010. 105 mortos em Niterói, 48 no Rio de Janeiro, 16 em São Gonçalo. O caso mais grave ocorreu no Morro do Bumba, em Niterói, um lixão desativado em 1981 e ocupado por construções irregulares sobre uma montanha de resíduos. Total: mais de 250 mortos no Estado do Rio de Janeiro.

15.1.2011. Subiu para 549 o número de vítimas na Região Serrana do Rio de Janeiro, segundo as prefeituras e o Corpo de Bombeiros de Itaipava. Um corpo foi encontrado na madrugada deste sábado (15) em Nova Friburgo, onde as buscas continuam sem interrupção. Segundo o último levantamento, são 248 mortos em Nova Friburgo, 238 em Teresópolis, 18 em Sumidouro, 43 em Petrópolis e 2 em São José do Vale do Rio Preto. Outros dois municípios também tiveram áreas devastadas: Bom Jardim e Areal. A Defesa Civil não descarta a possibilidade de haver vítimas fatais nessas cidades. 

O poder público costuma atribuir à natureza a causa única das catastrófes. Não é verdade! Com certeza, o volume de chuvas vem aumentando em função das mudanças climáticas em todo o planeta, mas há outras causas para as tragédias naturais. Falta de controle do uso do solo urbano, com ocupação das margens de rios e áreas de risco nas encostas dos morros, falta de planejamento urbano, inexistência de instrumentos para implantação dos planos diretores, falta de planos de emergência, falta de política habitacional nas últimas duas décadas.

Os números são frios. Mas quando se perde um filho, o pai, a mãe, parentes, amigos, os bens construídos ao longo de toda uma vida, vem a pergunta: o que fazer?

Um primeiro passo seria criar uma estrutura nos municípios, com autonomia administrativa e financeira, para implementar políticas perenes de gerenciamento de riscos de enchentes e deslizamentos de terra. Atualmente, a cada ano, o passivo ambiental vai crescendo. Ele já é grande em todo o país. Quanto mais cedo as ações forem implementadas, com planejamento, objetivos, metas, cronograma e recursos, menos mortes teremos a cada verão.

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