quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Retratos de Juiz de Fora 2 - Caos na Mobilidade Urbana

"Quem planta asfalto colhe congestionamento. Quem planta investimento em transporte público colhe mobilidade urbana e qualidade de vida, com menos engarrafamentos, menos poluição e menos acidentes." A afirmação do consultor em mobilidade urbana José Ricardo Daibert resume as expectativas de especialistas consultados pela Tribuna quanto a possíveis soluções, ainda que a longo prazo, para os problemas enfrentados pelos juiz-foranos no trânsito. Para Daibert, o que tem sido prometido para a população é investimento apenas no transporte individual, na contramão da tendência mundial.

"É via alternativa, é mergulhão, é transposição da linha férrea. E onde está o corredor de transporte coletivo, o aumento da capacidade dos veículos, a melhora da operação do sistema?", comenta, lembrando que a última intervenção voltada para o transporte público foi a implantação da faixa seletiva para ônibus na Avenida Rio Branco, em 1981. "A saída não é abrir vias na medida em que a frota aumenta, mas reverter os investimentos, para que estes recaiam sobre a maior mobilidade do transporte público e coletivo."

Daibert explica que os automóveis em circulação hoje em JF transportam metade das viagens motorizadas da população. Isso quer dizer que o dobro de ônibus que temos hoje - passando de 571 para 1.142 carros - carregaria a mesma quantidade de pessoas que os 190 mil carros que compõem a frota da cidade. "Isso mostra, aritmeticamente, que a resposta está na velocidade com que se consegue migrar as pessoas para o sistema coletivo."

Para o professor do curso de arquitetura e urbanismo da UFJF Klaus Chaves Alberto, reduzir o volume de automóveis que circulam na área central por meio da modernização do sistema de transporte coletivo urbano é urgente. "Está na hora de revisar o plano diretor de transportes, definir prioridades e colocá-las em prática. É preciso recuperar bons projetos que não foram bem implementados, como o sistema troncalizado", sugere.

Fonte: Tribuna de Minas, 1.1.2012

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