terça-feira, 19 de julho de 2011

BR440: a vergonha do Dnit

Um dia após defender a manutenção da obra da BR-440, o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit), Luiz Antonio Pagot, lamentou as condições do empreendimento e defendeu que a obra seja paralisada e que as responsabilidades sejam investigadas. "Se a empresa tiver de devolver dinheiro, que se viabilize isso e que se busque uma melhor solução, porque o povo de Juiz de Fora não merece isso." Ele participou de audiência pública conjunta na Câmara dos Deputados, na manhã e tarde de quinta-feira, em decorrência do escândalo envolvendo suspeita de superfaturamento de obras no Ministério dos Transportes. As denúncias levaram à renúncia do ministro Alfredo Nascimento e ao afastamento de quatro funcionários do Dnit. Como havia feito no Senado, na terça-feira, Pagot negou participação em eventuais irregularidades.

Ao ser indagado pelo deputado Júlio Delgado (PSB) a respeito da BR-440, no entanto, o diretor afastado reconheceu a existência de problemas na obra. O parlamentar argumentou que a rodovia, que passa pela área urbana de Juiz de Fora, seria exemplo de um "desastre de gestão" do Dnit. Ele relatou que se reuniu com representantes dos ministérios dos Transportes e do Planejamento para questionar a obra da BR-440. Na ocasião, disse ter levado às autoridades os preços e o estágio do empreendimento. "Quinze milhões o quilômetro? Nem na Lua." Júlio também confirmou que o Dnit foi informado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) sobre a inviabilidade da obra em Juiz de Fora. "A empresa contratada estava colocando manta asfáltica em nascente para secar uma das represas que abastece a nossa cidade. Isso foi documento do Ibama para Dnit", afirma o deputado.

Ao responder Júlio, Pagot se disse "envergonhado" sobre a construção da BR-440 e defendeu que a obra seja paralisada e que as responsabilidades sejam investigadas. Júlio, por sua vez, concordou e pediu que alguma providência seja tomada. "Agora tem que arrumar o buraco que foi aberto, tem que tirar encosta, tem que remover a manta asfáltica, e eu quero saber quem vai consertar."

Fonte: Tribuna de Minas, 14.7.2011 

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